Acordei, quer dizer.. despertei, no meu consentimento acordar e despertar são coisas diferentes.. acordar parece ser mais ativo e logo em seguida vem a ação de levantar da cama e fazer as rotineiras atividades diárias.. o que não foi meu caso. Despertar parece ser mais passivo, tranquilo, sem ação a ser seguida, e foi isso que aconteceu.. fiquei na cama sem me mover, olhando para o teto e sem coragem para tirar o pijama e levantar naquele domingo cinzento, não tinha motivos para isso, não estava doente, nem nada, só queria ficar ali.
O único fato que me levaria a levantar, naquele momento, eram minhas condições fisiológicas de ir ao banheiro fazer o primeiro xixi do dia, mas tirar meus pés quentinhos debaixo da coberta e levá-los ao encontro daquele chão gelado, era um motivo para ficar ali paralisada.
Nem o café da manhã me animou para levantar, na verdade , não tinha café da manhã, tinha apenas uns pães velhos e duros que estavam reservados para o moço que cuida dos pássaros do parque da cidade, ter que fazer o café, naquele momento, era um motivo para ficar mais um pouco na cama.
Fiquei ali parada, imóvel imaginando suposições e concluindo como seria o meu dia sem ao menos te-lo vivido, quer dizer, metade dele, pois, os ponteiros do relógio já marcavam meio-dia, não me importei com isso, minhas suposições e conclusões já me denunciavam um dia não muito promissor.
Mas, conclusões ruins tiradas de uma suposição imaginada na mente de uma garota não muito animada com a vida que se passa lá fora, não quer dizer que era aquilo de fato que iria acontecer.
Eu buscava um motivo que realmente me desse aquela injeção de ânimo, que me curasse daquela onda de desânimo que me encontrava.
"Acordei" e levantei para a vida e percebi que era em vão ficar ali paralisada.. o motivo deveria estar escondido em algum lugar onde da cama eu não alcançaria.
A solução era levantar e enfrentar o que viesse pela frente um busca daquele algo que me faria levantar todos os dias com a alegria de viver e que deixasse os meus domingos mais coloridos.
Pam Andrade
